domingo, 20 de janeiro de 2019

O cego

Acordei chorando e me perguntando,
o que eu fiz comigo?
como me permiti ser tão cego e inconsequente ,
tão ingênuo , tão adolescente,
declarações e te amos são brincadeiras de mal gosto.
Tudo está em ruínas, meu sentido de viver morreu.
Deitado ,imóvel e sentidos dormentes
no fundo desse buraco sujo,velho e vazio.
buraco que cavei com minhas próprias ações .
No instante em que joguei no lixo minhas lições da vida,
mergulhei cegamente num abismo de ilusões,
mesmo sabendo que sempre tem alguém melhor
e esse alguém nunca foi e nunca será , eu.
Sempre me achei o conhecedor das dores,
hoje eu sei nada daquilo que vivi se compara
a dor e a perca de sentido desse momento.
Eu nunca cheguei a tal profundidade de escuridão.
Lugares lotados ,barulho e distrações
me fazem sentir ainda mais só e sem  nenhum lugar,
Talvez eu esteja doente , perdido
mais viver pra dormir e esquecer não é viver,
é fingir .



terça-feira, 15 de janeiro de 2019

Como se tudo fosse ontem

Todo dia eu acordo querendo não acordar,
meu coração pesado me faz cambalear e esborrachar no chão.
Eu do fundo do meu peito queria ser como vocês,
esquecer tudo depois de horas e procurar outros corpos pra me remediar.

Mais eu sou uma aberração, estranho e sem razão.
oitenta  dias e eu aqui me despedaçando como se tudo tivesse acontecido ontem.
Ouvi dizer que eu preciso crescer e aprender a fingir tudo como os adultos.
Eu não sei porque mais sou criança ainda,
acredito que as palavras deveriam ser ditas com o coração,
acredito que um te amo não pode ser proferido em vão .
acredito que um amor não é um copo descartável.
Se isso é ser criança eu ainda sou , mesmo que seja uma criança doente e quebrada.
O mundo não é minha casa , não consigo mentir não consigo atuar.
Peço perdão a todos, mais eu não sou daqui.
3 da manhã acordo assustado , atormentado , minha consciência diz:
você não tem nenhum sentido.

Tintas e navalhas pra escrever na pele tudo que passei,
meu violão e melodias pra cantar tudo que chorei,
mais nada faz parar de doer, tudo é como se fosse ontem.
Todo dia é igual , mesmo filme de terror , a mesma morte no final,
Eu sei os bons samaritanos vão dizer: é só acreditar tudo vai mudar.
justamente o acreditar que me trouxe para esse cemitério , esse lar,
onde toda morte, todo punhal cravado nas costas , cada palavra dita sem sentido,
viver em cada segundo de minha alma ,
como se tudo fosse ontem.

segunda-feira, 14 de janeiro de 2019

A ponte feia

Nunca foi morada de ninguém.
Sempre foi a ponte, feia , descartável , dispensável.
Ponte velha  em ruínas toda quebrada em pedaços.
pisoteada com pés de ferro , corações de pedra , riscada por facas.
Todo mundo se aproxima da ponte simplesmente para chegar do outro lado,
de qualquer maneira a ponte permanece sozinha e triste no final, mesmo acolhendo e sustentando travessias, os pés cruéis seguem pisoteando e cuspindo na ponte feia e triste.
Quem arquitetou esse projeto errante e inútil ?
a ponte acorda toda madrugada chorando e se perguntando , quem?

DÓI,  ser uma ligação ignorante e insignificante ,
o outro lado é sempre melhor, sempre foi , sempre será, ninguém vai ficar.
o rio amargo e sujo abaixo da ponte transborda ,
transborda de dor , lágrimas e mentiras.
O nível da água toca as estruturas cansadas da ponte,
a ponte senti o ar acabar, só mais um segundo pra se afogar.

A ponte chove , chove e do outro lado da estrada uma platéia de corações congelados explodem em gargalhadas.
A ponte velha e cansada vê a vida vazia passando em sua memória,
mais não tem nada , não tem ninguém ,
a ponte está vazia  ,todo mundo já passou ,pisoteou .

o mundo não escutou a explosão,
dessa vez o peso foi demais , toneladas de sentimentos vazios , mentiras  e desprezo,
a ponte não suportou, ela se quebrou ao meio,
hoje ninguém mais passará
pela ponte feia, dispensável e desagradável.